Consumo de carne provoca graves impactos ambientais

O consumo de carne é, por si, um tema polêmico, pois envolve hábitos de alimentação – difíceis de mudar - e interesses de grandes setores da economia mundial (pecuária, frigoríficos, grandes empresas, etc.). Mas seu consumo excessivo e crescente - o rebanho bovino no mundo cresceu cinco vezes em 50 anos e hoje soma 6 bilhões de cabeças - não pode deixar de ser registrado e encarado sob novas óticas. É uma questão que deixou de ser meramente ideológica, saindo do simples debate do ser ou não ser vegetariano e passou a ser de interesse maior, por envolver a própria sobrevivência no planeta, já que a pecuária é considerada a principal emissora de gases responsáveis pelo efeito estufa.

Acreditamos que a informação pode trazer mais consciência e, uma mudança nos nossos padrões de comportamento. Diminuir o excessivo consumo pessoal pode ser uma importante medida de defesa da saúde pessoal e planetária. Afinal, se queremos uma mudança no mundo devemos começar por nós mesmos.

Segundo o relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), "A grande sombra da pecuária", o setor pecuário é o que produz mais gases componentes do efeito estufa. Comparando a seu equivalente em CO2 (dióxido de carbono), suas emissões são mais elevadas que os produzidos no setor de transportes. O relatório afirma que a atividade pecuária não ameaça somente o meio ambiente, mas é uma das causas principais da degradação do solo e esgotamento dos recursos hídricos.

Entre alguns números divulgados na pesquisa, a FAO sustenta que pelo menos 9% das emissões de CO2 produzidas por atividades humanas são procedentes do setor da pecuária e que este setor produz a proporção mais elevada dos gases mais prejudiciais que compõe o Efeito Estufa.

O setor pecuário gera 65% do óxido nitroso presente na atmosfera. Na verdade, os efeitos nocivos da poluição do ar causados pela pecuária são conhecidos há bastante tempo, mas nunca se pensou que o gado poderia contribuir tão decisivamente para aumentar a concentração dos gases.

Para o pesquisador Paul Steinfeld, chefe da subdireção de Informação Pecuarista e Análise e Política da FAO, é preciso encontrar soluções rapidamente, pois a cada ano a humanidade consome mais produtos lácteos e carnes produzidos pelo setor, o que afeta ainda mais o meio ambiente.

 

Ameaça ao planeta

A pecuária representa uma das atividades humanas mais impactantes para o meio ambiente, consumindo grandes quantidades de água, grãos, combustíveis fósseis, pesticidas e drogas. É também a principal causa por trás da destruição das florestas tropicais e outras áreas naturais, além de grande responsável por outros impactos ambientais, como a extinção de espécies, erosão do solo, escassez e contaminação de águas, desertificação, poluição orgânica e efeito estufa. No sistema extensivo cada cabeça de gado necessita de um hectare (10.000 m² - um campo de futebol) de terra para engordar. 

Quando ambientes naturais são destruídos para a formação de pastos ocorre a perda de biodiversidade na área: a maior parte dos animais e plantas nativas desaparecem do local, sendo substituídos por forrageiras (capim) invasoras e gado. A remoção da cobertura vegetal original transforma completamente o ambiente, tornando-o impróprio para sustentar a maior parte das espécies que antes ali viviam.

A remoção da cobertura vegetal original para formar pastos não apenas compromete a biodiversidade, como também interrompe o equilíbrio e a reciclagem natural de nutrientes, como se pode observar na Floresta Amazônica.

Locais no planeta onde a atividade de pastoreio é mais antiga são testemunhas de que o homem de fato transforma florestas em desertos. A pecuária é uma das mais importantes fontes de poluição do meio ambiente. Ela consome grandes quantidades de recursos, gerando resíduos e gases que contaminam o solo, a água e o ar. A produção de excrementos animais ultrapassa em muito a produção de excrementos das grandes cidades. Este excremento na maior parte das vezes não pode ser empregado na agricultura e não é direcionado para nenhuma estação de tratamento de esgotos, sendo inadequadamente disposto no ambiente. Colocam em risco a saúde pública, estando associados à disseminação de coliformes fecais, proliferação de insetos e problemas de saúde como alergias, hepatite, cancro e outras doenças.

Em alguns países europeus como a Holanda, Inglaterra, Dinamarca, Alemanha, Bélgica e França apresentam problemas ambientais ocasionados pela pecuária muito graves. Os Estados Unidos já possuem áreas com níveis de contaminação alarmantes.

Consumo de carne

A pecuária e a água

A pecuária implica também um uso ineficiente da água. Cerca de 70% da água doce captada pelo homem dos rios, lagos e depósitos subterrâneos é destinada para uso agrícola, sendo que os 30% restantes são utilizados para as demais atividades, como consumo doméstico, atividade industrial, geração de energia, recreação e abastecimento.

Para produzir cada quilo de carne bovina são necessários cerca de 43 mil litros de água! Nesse cálculo entram não só a água que os animais bebem, cerca de 50 litros/dia, mas também a água utilizada na produção de seu alimento.

 

A mudança é possível?

 

A resposta é SIM. Cada um de nós é a causa pelo aquecimento global, mas cada um de nós pode fazer escolhas para mudar isso, através das compras que fizermos, da eletricidade que usarmos, dos carros que dirigirmos e principalmente pela forma com que nos alimentarmos. Podemos fazer escolhas que mudarão nosso futuro próximo e distante.

As soluções estão em nossas mãos. Só precisamos ter a determinação para elas se efetivarem. O que está em jogo é nossa sobrevivência, nossa habilidade de viver no planeta e ter um futuro como civilização. Só isso.

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